Para se promover o dimensionamento da camada de reforço de um pavimento rodoviário por métodos mecanísticos, baseados na Teoria da Elasticidade aplicada a sistemas multicamadas carregados à superfície torna-se imprescindível caracterizar previamente o sistema existente – número e espessura das camadas – procedimento usualmente realizado por meio de georradar (Ground Penetrating Radar, GPR) e complementado pela retroanálise das linhas de influência obtidas em ensaios de carga dinâmicos (FWD, Curviâmetro ou TSD).
Em seguida, impõe-se a definição do módulo de elasticidade da camada asfáltica de reforço, tarefa aparentemente simples, mas marcada por uma dificuldade teoricamente intransponível: materiais viscoelásticos, de comportamento termo-reológico complexo, apresentam módulos dependentes do tempo (ou da frequência) de solicitação, que, em pavimentos carregados à superfície, varia de forma contínua e crescente com a profundidade. Tal característica evidencia a impropriedade de se adotar um valor modular único para a camada de reforço.
Surge, assim, um paradoxo de conhecimento mútuo: para definir a espessura é necessário conhecer o módulo, e para definir o módulo é necessário conhecer a espessura. Este impasse, até então não contemplado, constitui seguramente um dos maiores desafios do dimensionamento mecanístico de pavimentos asfálticos.
